6 de jul. de 2011

Um pouco de humor sobre inclusão digital, mas a coisa é muito séria no Brasil



A imagem abaixo não tem nada de exagero. Como professores envolvidos com inclusão digital de colegas não estranhamos muita coisa. Apenas gostaria de ressaltar que em muitas situações envolvendo computadores e internet, muitos colegas fazem críticas severas ao uso das tecnologias em sala de aula porque não dominam muito dos seus recursos e se sentem muito mal quando sabe que encontrará alunos com maior habilidade do que ele.

Tal discurso contrário as TIC (maquia muitos problemas pessoais, profissionais, institucionais, etc.) é uma forma de exclui-las das suas atividades docentes, pois não quer inovar, não sabe inovar ou não quer dialogar com seus alunos por não saber responder muitos questionamentos sobre como usar determinadas tecnologias. Nossos colegas desconhecem que atualmente o caminho da inovação passa preferencialmente pelo dialogo colaborativo, através de importantes parcerias cognitivas que podem gerar supreendentes mixagens tecnológicas entre professores e alunos em sala de aula (veja um exemplo na minha escola com web rádio aqui no blog).

Na fundamentação do projeto CETV digital do Colégio Estadual Teotônio Vilela que pretende articular profissionais, espaços e tecnologias na escola, cito a seguinte referência:


Ao desconsiderar as experiências e as aprendizagens que os alunos vivenciam fora da escola, as linguagens e as formas de comunicação nelas envolvidas, bem como a heterogeneidade dos aprendizes, a escola enfraquece sua ação pedagógica e aprofunda os processos de exclusão em seu interior. O cenário atual convida para o estabelecimento de relações mais dialógicas entre os atores do processo educacional, em que os alunos, ao invés de serem mantidos na posição de receptores passivos do “falar/ditar” do professor, participariam como co-autores do processo, em todas as fases (MELO, 2005, p.2542).

De modo algum como entusiasta das TIC nas escolas deixo de reconhecer que os problemas da inclusão digital escolar se resume as dificuldades ou resistência dos professores. As próximas figuras traduzem minha preocupação com outras questões também determinantes para o sucesso da inclusão dos nossos alunos. Elas traduzem muito bem minhas críticas acerca do processo de inclusão digital brasileiro que em muitas escolas resultaram em fracasso e desperdício de importantes recursos materiais e financeiros. Embora em outras o processo caminhe muito lentamente nunca é demais alertar: se a comunidade escolar não se envolver acabará também em grande fracasso.




Mas o foco da discussão aqui é o professor. Ele é um dos sujeitos mais importante do processo tecnológico em curso, pois tem o papel de articular, frente as políticas públicas inadequadas e ineficientes, o potencial inteligente dos equipamentos com a realidade pedagógica de determinado ambiente escolar. Este assunto é importante pelo fato de estarmos no limiar de outro grande projeto de inclusão digital made in Brasil, que é o Um Computador Por Aluno (UCA). Se bem que ainda não houve a absorção da panacéia anterior em torno dos laboratórios de informática e do Linux como software dos seus computadores.

Como ainda não conseguimos avançar no uso crítico, criativo e efetivo dos laboratórios de informática e seus recursos, com seus "antigos" desktop, é visivel outro fracasso, se não houver as devidas correções de rumo, pelo fato de que ainda não houve a incorporação dos laboratórios na dinâmica pedagógica das escolas, então o que será do UCA?

Tenho acompanhado algumas ações governamentais na inserção do UCA, além das opiniões de pesquisadores (algumas suspeitas), professores e vejo que não há um projeto bem definido para a sua inserção mais uma vez. Parece-me que alguém recomendou assim: vamos introduzir os equipamentos e ver o que contece (já vimos esse filme antes).


A pressa em substituir (algo muito comum nas políticas públicas para educação no Brasil) "antigos" desktops pelos notebooks contempla mais uma vez a lógica do marketing político e da indústria de informática do que reais objetivos pedagógicos. Em muitos relatos, percebe-se que apesar de novo, repete-se antigos e persistentes problemas estruturais, tecnológicos e principalmente humanos. Em um relato sobre o uso do UCA, uma pesquisadora chamou atenção para eles, ao afirmar que não havia equipamentos para todos, conexão adequada, horários compatíveis com o projeto em sala de aula, suporte técnico e pedagógico, além de tantos outros velhos conhecidos dos professores brasileiros.

Antecipando a chegada do UCA em nossa escola, já que é muito comum mandar primeiro os equipamentos e depois "improvisar" cursos, estamos desenvolvendo um projeto (CETV digital) que pretende articular ações para que realmente seja útil aos projetos da escola e não exclusivamente do governo. 

No Brasil é assim: um projeto mal elaborado e conduzido esconde outro e mais uma vez se culpa os professores pelo insucesso do mesmo.


Antes que esqueça quero deixar as seguintes questões que voltarei comentando em outra oportunidade: 

Quanto mais inclusão digital mais lixo eletrônico gerado!

Os projetos de inclusão digital que tem como pano de fundo doações de computadores retira dos doadores a responsabilidade pela destinação final dos equipamentos!


Alguém já tinha pensado nos paradoxos?

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